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02/03/2012

A vida que envolveu a gente


Hoje chega ao fim uma das histórias mais puras e bonitas que já vi, a novela das seis da Rede Globo, A Vida da Gente. Com texto de Lícia Manzo e direção geral de Jayme Monjardim, a história das irmãs Ana e Manuela encantou o público.

Sou suspeita a falar, Marjorie Estiano é uma de minhas atrizes favoritas desde 2006, quando viveu Marina em Páginas da Vida. Mas já como Natasha, em 2004, na Malhação, chamava minha atenção por sua atuação melhor que a da maioria de seus colegas de trama, vide Juliana Didone e Guilherme Berenguer, os mocinhos da trama naquela temporada. E Lícia Manzo tem minha devoção desde Tudo Novo de Novo, o seriado que passava às sextas-feiras à noite na emissora global.

A trama de A Vida da Gente é envolvente, até mesmo nos dois meses de barriga – termo usado para definir aquele momento em que não acontece nada na trama – que tivemos, ela manteve seu público. Pode ser pelo improvável triângulo amoroso, pelos personagens, ou até mesmo pela direção que ela prenda o público. Mas, para mim, o personagem principal da novela é o texto mesmo. Impecável e, de certa maneira, inovador, já que mostra uma vida mais real que as outras telenovelas. Não há um vilão caricato ou um mocinho sofredor que só alcança a felicidade eterna – que é uma utopia – no último capítulo.

Lícia nos apresenta personagens humanos, que erram e acertam, assim como nós também fazemos em nossa vida. Claro que tem aqueles personagens que erram muito mais que os outros, mas isso é apenas o reflexo de más escolhas. Até Eva e Vitória, que são consideradas vilãs, tem seus motivos para agirem do modo que fazem.

Também pôde se perceber, ao longo da novela, que essa é uma história predominantemente feminina, já que as mulheres parecem ser o centro gravitacional dos homens que estão na trama. Eles são meros coadjuvantes nas histórias apresentadas. Até mesmo Rodrigo, o eterno indeciso, perde o posto de protagonista para a Ana e Manuela e fica apenas no segundo plano.

Não há como duvidar que a história comoveu, tanto que torcidas divididas entre as irmãs se formaram. Na hora da novela, é só entrar no Twitter e ver o modo como a trama mobiliza as pessoas, principalmente o #TeamAna e o #TeamManu. E há discussões e até mesmo brigas entre ambas torcidas. O #TeamManu – sou #TeamManu para sempre S2 – diz que Ana, após acordar do coma, continua agindo como a adolescente que era antes do acidente. Já o #TeamAna – aqueles 53 dentes na boca dela me assustam – diz que Manu não tinha o direito de roubar a vida da tenista.

Foram incontáveis as belas – e comoventes – cenas que já tivemos na novela. Mas em uma pequena lista, assim, de cabeça, me lembro do momento em que Ana e Rodrigo se declararam e começaram a namorar em uma viagem, ainda no primeiro e segundo capítulos; o acidente que as irmãs sofreram e ocasionou o coma de Ana; Eva expulsando Manu de casa por ter contado a verdade sobre Julia à Rodrigo; a declaração de Rodrigo à Manu; o momento em que Ana acordou; o cinema que Seu Laudelino fechou para reconquistar Dona Iná; o épico embate entre as irmãs; Julia descobrindo que a mãe Manu seria seu “remedinho” e o momento em que Ana e Manu fazem as pazes.

Como fã e parte integrante do #TeamManu, espero, realmente, que Ana fique com Rodrigo, ele, com sua eterna indecisão e falta de amor próprio, não merece a confeiteira e deve se contentar com a tenista. Manu merece um homem de verdade e, até agora, Gabriel tem mostrado ser este homem, apesar de todas as deficiências de Eriberto Leão como ator. Julia deve continuar sendo divida pelas duas mães e pai, afinal, apesar da falta de laços biológicos, Manu é mãe da criança. Como dizem, e como mostra a discussão abordada através da personagem Alice, pai/mãe é quem cria. E, nesse ponto, Julia foi muito sortuda, tem o amor de três excelentes pessoas.

Espero que o motivo do ódio descontrolado de Eva por Manu seja explicado, afinal, existe algo aí. É impossível que uma mãe ame tanto uma filha e despreze com o mesmo fervor a outra. E que Vitória quebre logo a cara com Mariano e perceba que, apesar de ser mala e encostado, Marcos não era a péssima pessoa que ela acreditava ser.

Lícia Manzo e toda a produção da novela estão de parabéns pelo excelente trabalho. Espero que eles apareçam em minha televisão logo, logo.

Renata Vivan

Sobre a autora

Renata Vivan: Editora-assistente, estudante de moda metida a jornalista e viciada em cultura pop. (leia mais...)

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