Eu fui assistir
Dark Shadows esse domingo. Nem sabia que o filme tinha estreado na sexta-feira. Fui DJ de uma festa na quinta e me acabei numa baile
muderno na sexta. Dormi vinte e uma horas do sábado pro domingo e acordei querendo POR FAVOR QUERENDO cinema. Meu bixo não me atendia. Eis que um amigo meu me aborda: "EIXO¹, VAMOS NO CINEMA VER O FILME NOVO DO TIM BURTON COM O JOHNNY DEPP?"
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A médica, a lobinha, a reencarnada, a Michelle Pfeiffer, o velho meio que mordomo, o coadjuvante, o menino de A Profecia, a bruxa de porcelana e o pior papel da carreira de Johnny Depp. |
Fiquei todo animado (mentira, queria ter assistido
Snow White) e até encontrei um veterano que assistiu ao filme sozinho. Orra, pra uma pessoa ir ver o filme sozinho, há duas alternativas: ou o filme é um lixo e seus amigos têm muito bom senso por fugirem dessa cilada ou eles não conhecem nada de cinema e o filme é tão bom que dá vontade de ver mesmo sozinho. Não. O filme não é bom. Pelo menos não supriu nenhuma das minhas expectativas. Não teria me incomodado em ter pago vinte reais para ver duas horas do
trailer de
Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Estou ácido demais. O filme não é tão ruim assim. Muito se deve ao fato de eu ter ficado muito decepcionado e por ter tido muitos
pathos, do grego “estranhamentos”, durante o filme.
Tudo começa como um épico do terror vampiresco PRA QUEM NÃO SABE O FILME É SOBRE VAMPIROS E BRUXAS E, DO NADA, UNS LOBISOMENS. Até senti um cheiro de
Sweeney Todd naquela Liverpool de 1760 em que Barnabas Collins vivia antes de ser enterrado “vivo”. A família Collins se muda para os Estados Unidos e seus patriarcas são mortos por uma maldição feita por Angelique, a bruxa empreguete. Como não consegue o amor de Barnabas (ah, o Barnabas é o Johnny), a feiticeira amaldiçoa Josette, seu grande amor, e transforma ele num vampiro odiado por toda a cidade, que o coloca a sete palmos enquanto ainda respirava (tudo isso pra não falar “enterrado vivo” duas vezes). NOSSA ARTHUR, QUE FILMÃO DE TERROR!!!1 IMAGINA ISSO NAS MÃOS DO TIM BURTON??? PENSA NOS EFEITOS! Não, não é nada disso.
Ele acorda duzentos anos depois, sua casa está sendo habitada por seus sucessores e o mundo, por Mefistófeles. Ou o M do Mc Donalds, como preferir. Enquanto isso, em Collinswood (a antiga mansão dos pais de Barnabas), mora a linda da Michelle Pfeiffer como mãe de uma adolescente perturbadíssima e tia de um menino que vê o fantasma da mãe, enquanto seu pai permanece negligente e mudo. Com eles também vivem dois velhos empregados e uma médica da família, HELENA DEUSA BONHAM CARTER. Para cuidar da criança, eles contratam uma tutora que ADIVINHEM, é a reencarnação de Josette, o amor do vampiro. O nome dela é Victoria,
but, please, call me Vicky. E aí termina toda a atuação de uma personagem que achávamos que seria a protagonista.
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Quando Barnabas volta, e com muita sede, se apresenta a família como um parente distante, o que amedronta os Collins remanescentes. Até que ele se mostra muito necessário para tirar a família da falência. Mas antes, ADIVINHA ele se apaixona pela
PLEASE CALL ME VICKY. Burton, você já foi menos piegas. E
mimimi pra lá,
mimimi pra cá, ele descobre que sua família tá na pior por causa de Angelique e resolve reativar o mercado de peixe da família.
Esse foi o intervalo em que fiquei analisando como Johnny Depp nem deve ser tão bom ator assim. Pelo menos nunca julguei a atuação dele porque ele, dificilmente, interpreta tipos humanos. O que é um esquizofrênico perto de um cara com mãos-de-tesoura, um chocolateiro, um chapeleiro maluco, um barbeiro
serial killer, um pirata e, agora, um vampiro que dormiu por duzentos anos? Fica a reflexão! E o filme se desenvolve (com uma cena de sexo QUE PARTICULARMENTE APLAUDI DE PÉ), mas você pode dormir depois que essa cena acaba e só acordar na hora que o filme acaba. O que acontece nesse meio tempo é uma tentativa do diretor de desenvolver todas as tramas que ele bem apresentou no começo. E quando digo tentativa, digo que ele tentou, do verbo tentar. Que não é o verbo conseguir. Muita coisa fica mal explicada, como o garoto que vê a mãe morta e a médica que tem medo de envelhecer.
Talvez isso se deva ao fato de que
Dark Shadows é baseado num seriado homônimo. Então chega o tal aguardado final e eu não vou contar. Não que ele não seja previsível. Se você acha que ele, junto com sua família (sendo que tem uma licantropa na árvore genealógica), matam a feiticeira do mal e termina o filme com a mocinha
CALL ME VICKY que sempre foi seu amor, você acertou. Nossa, quanta criatividade. Tim Burton gastou criatividade demais em
Edward, que não sobrou quase nada pra
Sombras da Noite, assim como sua esposa gastou toda a sua atuação em Bellatrix.
Ai você tem uma surpresinha no final (que antes de ela acontecer, você já presume) e acaba com uma musiquinha legal. Parabéns pro filme. Bem bacana aquela poltroninha que rola na entrada do cinema pra você tirar uma foto e dizer pro mundo: joguei vinte reais no lixo, mas sou feliz.
¹. Eixo é meu apelido na RepCilada Bauru