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05/03/2012

Balanço final de A Vida da Gente


E é com tristeza no coração que eu digo que uma de minhas novelas favoritas de todos os tempos, A Vida da Gente, chegou ao fim. E eu ia apenas atualizar o post de sexta-feira com minhas impressões do final da história, mas, entusiasta que sou desta obra, não consegui ser sucinta e tive que recorrer à um post novo.

Como foi o final? Lindo e realista - até o ponto que uma novela pode vir a ser realista - como todo o resto da história. Pudemos ver a vida dessas pessoas que foram nossos amigos - e às vezes até parentes - tomando um rumo que nos leva a acreditar que viverão seu - ilusório - felizes para sempre.

Mas o segredo da felicidade, ao se assistir uma obra como essa, é se livrar de todo o cinismo e aceitar o belíssimo fim que nos foi apresentado. Então, me deixem ir colocar o cinismo no cabide e logo estarei de volta para contar à vocês minhas impressões sobre tudo o que aconteceu no capítulo de sexta-feira, o fatídico capítulo final.

Me sinto obrigada a começar por minha personagem - e, de quebra, atriz - favorita, Manu (Marjorie linda Estiano). Eu havia falado que Rodrigo não merecia o amor da doceira. Ao repetir estas palavras no twitter, Cristal Bittencourt - a @cristalfb, outra fã de carteirinha da Manu - respondeu que Rodrigo pode até não merecer Manu, mas ela merece tudo o que ela quiser e como o que ela quer é o Rodrigo, eles deveriam acabar juntos. Parei para refletir e cheguei a conclusão que, sim, o final perfeito para a novela é Manu e Rodrigo. Nada de Gabriel. Nada de Ana. Apenas Manuela e Rodrigo.

Para nossa felicidade, foi isso que acabou acontecendo. Ao perceber que poderia perder Manu, Rodrigo aceitou - na verdade, ele percebeu - que o amor de sua vida é a doceira e que Ana, apesar de extremamente importante em sua vida, terá apenas o papel de cunhada e primeiro amor. Já comentei no outro post sobre o talento de Eriberto Leão como ator - é o mesmo que o de um palmito, mas relevemos - e apesar disso, neste último capítulo ele foi capaz de me impressionar. Sua expressão no momento em que Gabriel percebe que não tem espaço na vida de Manu ou quando ele termina o namoro com a mãe de Júlia, foi de partir o coração. Parece que em apenas 1 mês de convívio, Marjorie Estiano conseguiu lhe ensinar uma coisinha ou duas sobre atuação. Ponto para ela!

Já Ana, depois da doença da filha, cresceu e se tornou a adulta que estava destinada a ser. Virou uma treinadora de renome nacional - e, quem sabe, internacional - e assumiu que Lúcio é o homem de sua vida. Isso estava claro desde o início, apenas ela não percebeu. Os olhares cúmplices trocados nos corredores do hospital, na última semana, evidenciavam o fato. E Ana não seria capaz de jogar fora um homem que demonstrasse tanto amor e preocupação por sua pequena - nem tanto - Júlia. Se depois de todo o clima que rolou, eles não ficassem juntos, Lícia Manzo mereceria assumir uma máscara de troll face para o resto de sua vida.

Competente como é, Lícia investiu no romance entre o delicado e amável médico e a tenista/treinadora. Agradou o público - grande parte dele, pelo menos - e agradou os atores. É, agradou os atores. Fernanda Vasconcelos, em um café da manhã com Ana Maria Braga no Mais Você - aquele programa delicioso de todas as manhãs, só que não - revelou que o final da trama foi o final que ela esperava.

Mais um ponto positivo para este final, foi que os personagens perrmaneceram os mesmos e não correram atrás da redenção. Mudanças são possíveis? Sim, elas são. Elas acontecem? Sim, acontecem. Mas nem com todos os seres humanos. Neste ponto, Lícia deu uma jogada de mestre e manteve Eva do mesmo jeito de sempre, seca com Manu - um pouco menos, mas só pelo pedido da filha amada - e extremamente amorosa e fã número 1 de Ana. Marcos continuou sendo o sonhador de sempre e até arranjou uma mulher que acreditasse em tais sonhos - até quando, eu não sei -. O melhor de tudo é que a história dele com Dora se repetiu - você não se lembra que eles se conheceram durante uma aula de natação de Sofia e Olívia? -, sendo assim, sabemos qual vai ser deste romance. Vitória também não foi atrás do amor das filhas, continuou sendo a mesma mulher rigorosa e orgulhosa que começamos a odiar logo no primeiro capítulo da trama.

Para confimar o que eu disse sobre a mudança ser possível, Nanda se tornou responsável, uma mulher de negócios e ainda uma referência materna à Francisco, filho de seu amado Lui. Lourenço, o repelente de crianças, acabou se tornando pai de Tiago, seu filho, fruto de uma negociação com seu irmão, e, de quebra, ganhou Bernardo, o filho de Celina, como mais um de sua prole. Cícero acabou aceitando a relação de sua filha Alice com seu pai biológico e superando todo o ciúme que sentia de Renato. Portanto, certas pessoas conseguem mudar, outras nem tanto.

Todas as metáforas com água, rios e afogamentos levaram a reflexões e nos fizeram lembrar dos dois momentos mais importantes da trama: o momento em que Ana e Rodrigo se assumem apaixonados e tem sua primeira noite - tarde seria mais correto - de amor e o acidente envolvendo Manu, Ana - que acabou em coma - e Júlia, que era apenas um bebê. Como a personagem de Fernanda Vasconcelos disse, um rio foi atravessado e através deste rio, vimos os personagens crescerem e evoluírem. Personagens estes que farão falta, assim como o texto, a fotografia, a direção, enfim, a novela como um todo. Espero que logo possa aparecer uma obra tão boa quanto essa. Enquanto isso não acontece, vou recordando de tudo o que aconteceu com estes seres humanos que acabaram se tornando parte da minha vida.
Um brinde à toda a equipe da novela. Esperamos vê-los em nossa tela logo menos.

Renata Vivan

Sobre a autora

Renata Vivan: Editora-assistente, estudante de moda metida a jornalista e viciada em cultura pop. (leia mais...)

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