Pra hoje vamos para dois dos meus programas prediletos de todos que já passaram pela telinha da nossa TV aberta! Eles têm personagens elaboradérrimos, roteiros espetaculares e direção belíssima.
Queridos Amigos é um tapa na cara da sociedade, com luva de pelica, mas uma pelica tão fina que só o que deu pra sentir foi o relevo da palma da mão. É baseado num livro de Maria Adelaide Amaral, chamado Aos Meus Amigos, escrito em 1992 e adaptado para a televisão pela mesma autora.
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Livro que inspirou a série. |
A reunião é culpa de Léo, personagem de Dan Stulbach, que, por um sonho e por causa de uma doença terminal, resolve reunir todos de novo. Léo, um homem muitíssimo culto, quer transformar sua morte numa obra de arte. Após essa reunião, feridas do passado se reabrem e coisas novas são descobertas. Problemas pendentes precisam ser resolvidos.

A atenção da produção com cada detalhe da cenografia, figurino e adereços reforça a credibilidade da minissérie. A produção revisou como eram até as faixas de pedestres e os orelhões de São Paulo em 1989.
A graça de Queridos Amigos está em seus personagens muito bem elaborados e complexos. O fato de ser uma fatia de uma história muito maior transforma seu roteiro, simples, em algo belo e intrigante, com muita coisa para trás que vai, aos poucos, sendo contado, e encantando e atraindo o telespectador. A caracterização foi toda pensada de acordo com o perfil desses complexos personagens.


O elenco, nem precisa falar, né? Para personagens tão elaborados, atores magníficos. Dan Stulbach, Deborah Bloch, Denise Fraga, Bruno Garcia, Matheus Nachtergaele, Guilherme Weber, e as revelações de Mayana Nunes, como a modelo trintona Karina e Odilon Esteves, no papel da travesti Cínthia – que deu um espetáculo, diga-se de passagem. Ainda teve as participações de Aracy Balabanian, Nathália Timberg, Juca de Oliveira e Fernanda Montenegro.
Queridos Amigos virou um amigo íntimo, com ensinamentos vindos de personagens fantásticos, com trilha maravilhosa, que entrou na nossa casa e, 25 capítulos depois, deixou saudade.
Com direção de Denise Saraceni, Maria Adelaide Amaral deu um show nesse aí!
E a segunda série do dia...
Com muito som e muita fúria, Fernando Meirelles enche nossos olhos e explode nossos cérebros com atuações espetaculares em uma minissérie com 12 episódios que nada mais é que uma saga do amor ao teatro.

Nem precisa explicar por que eu amo, não é? Teatro na televisão! Mais exatamente os bastidores do teatro; o processo de produção teatral transportado para a tevê.
Enquanto a série que inspirou Som & Fúria – Slings and Arrows – tem seu título vindo do clássico “Ser ou não ser”, de Hamlet, a versão brazuca, feita em co-produção com a O2 Filmes, tem seu título de um trecho de Rei Lear. Nem na apresentação mais fiel ao texto de Romeu e Julieta, Sheakspeare não esteve tão presente.
O elenco de Som & Fúria, com a direção que teve, poderia ser mais irrelevante, mas ainda assim, Andréa Beltrão, Felipe Camargo, Pedro Paulo Rangel, Maria Flor, Daniel de Oliveira, Débora Falabella e Leonardo Miggiorin dão show! Destaque especial para a Andréa, na fala do Salgueiro, quando ela descreve a morte da Ofélia; para Daniel de Oliveira nas cenas do “se manda pro convento” e, claro, o clássico “Ser ou Não Ser” de Hamlet; Débora Falabella e Miggiorin na cena do balcão de Romeu e Julieta; e Fábio Nassar, que fez uma breve participação, mas uma belíssima atuação, na cena de Rei Lear em que o rei sabe da morte da rainha.
A intervenção do diretor da história, personagem de Felipe Camargo, e do diretor da minissérie, Fernando Meirelles, e o resultado final dessas cenas, em comparação com o que imaginamos que poderiam ser, demonstram o valor de uma direção bem conduzida; a diferença que ela pode fazer.
A intervenção do diretor da história, personagem de Felipe Camargo, e do diretor da minissérie, Fernando Meirelles, e o resultado final dessas cenas, em comparação com o que imaginamos que poderiam ser, demonstram o valor de uma direção bem conduzida; a diferença que ela pode fazer.

A história é outra coisa que pouco importa. Com a morte do diretor do Teatro Municipal (Pedro Paulo Rangel), um ator que havia abandonado os palcos no meio de uma apresentação de Hamlet, quando teve um surto psicótico, volta para dar continuidade no trabalho do falecido diretor. Como atriz principal do grupo, temos a personagem da Andréa Beltrão que sofre com a

Som & Fúria é uma injeção de pura arte, direto no coração de quem é apaixonado por cênicas. Pena que não agradou o público em geral, somente os mais entendidos do assunto, e não ganhou a tão especulada segunda temporada.
E para ZORRA TOTAL do dia, aquele programa do qual não vamos falar nada por que não queremos perder tempo com ele, temos...

Os Mutantes da Record é uma das maiores vergonhas alheias da TV nacional.