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14/05/2012

O beijo de adeus a Desperate Housewives

"Human beings are designed for many things. Loneliness isn't one of them." – Mary Alice


A solidão nunca foi uma possibilidade em Wisteria Lane. Vizinhos fofoqueiros, amigas leais, maridos presentes, filhos amados, todos ali prontos para não te deixar sozinho. E ninguém melhor que Mary Alice para dizer isso. Ela, a prova viva de que a solidão, mesmo que inaparente, pode te levar a autodestruição.

Porque Desperate foi uma série que retratou da forma mais real (através de situações surreais), o cotidiano da dona de casa. Uma série que pode ser chamada de mulherzinha, ou novelinha, mas que contém tanta originalidade quanto Lost. Desde a narrativa até sua fotografia, Desperate Housewives inseriu sua própria marca.


E cada uma daquelas mulheres ilustra fielmente o papel de cada mãe na sociedade. Por todo esse tempo a série foi um porto seguro para aquelas reais donas de casa que se viam desesperadas, perdidas e sem saída. Elas podiam ver que existia saída melhor, e que elas não eram as únicas a pensar assim.

E pra quem não viu, não se engane. Essa não é uma série feita para mulheres unicamente, ela é feita para todos. Uma série que sabia fazer a comédia, drama e suspense se unirem, fazendo cada minuto investido valer a pena. Por muitas vezes me deparei passando do choro para o riso em segundos, ou até mesmo experimentando os dois ao mesmo tempo. Ninguém conseguia fazer esse feito tão bem quanto Desperate Housewives.

A verdade é que eu continuo escrevendo sem saber ao certo o que falar. Parece que nada fará jus à grandiosidade da série. Uma série que conseguiu durar tanto tempo, permanecendo constante em sua qualidade, e terminando por seus meios, com qualidade elevada. É difícil dizer adeus a uma série assim, porque a verdade é que as chances de encontrarmos alguma com qualidade igual ou aproximada são mínimas.

O mais incrível é que, ironicamente ou não, a série teve seu fim no dia das mães. E sendo mãe biológica, adotiva ou escolhida, uma característica que considero marcante nas mães é o fato de estarem presente em nossas vidas. E por 8 anos essas mulheres foram como mães, estando presentes na nossa vida. E por experiência própria posso dizer que mesmo não sendo dona de casa aprendi muito com essas mulheres. Até porque, de desesperados todos tempos um pouco.

Uma série ousada, criativa, engraçada, dramática e até mesmo misteriosa. Desperate Housewives conseguiu unir tudo isso a uma trama que se passa num subúrbio dos Estados Unidos.  Foi uma longa jornada, que pareceu muito curta para aqueles que a fizeram.

Hoje a vida continua em Wisteria Lane. Novos vizinhos chegam, outros vão embora. Mas todos eles continuam vivendo sua vida, lidando com grandes perdas, com separações, novos amores, decepções, traições e sempre contando uns com os outros. Porque essa é a vida, e essa é a realidade de Desperate Housewives, provar que o amor é eterno mesmo que as pessoas não. Que às vezes, tudo que você precisa é compartilhar um segredo com o seu amigo que está ali, pertinho, logo na próxima porta. Que você sempre pode contar com uma amizade verdadeira que vai te ajudar a enterrar o corpo.

E não há maneira melhor, de se despedir dessa série do que com uma narração daquela que foi a voz que nos guiou durante todo esse tempo, e que reflete exatamente esse momento: Mary Alice.

"Essa é a rua que eu costumava viver, e estas são as pessoas com quem eu compartilhei minha vida. Eu as conheci no dia que elas se mudaram, e eu vi o que trouxeram consigo: lindos sonhos para o futuro e quietas esperanças por uma vida melhor, não apenas para elas mesmas, mas para suas crianças também. Se eu pudesse eu as diria o que vem a frente? Iria eu alertá-las do sofrimento e da traição que as reserva? Não. De onde eu me encontro agora, eu vejo a rota o suficiente para entender como ela deve ser viajada. O truque é seguir adiante, deixar pra trás o medo e o arrependimento que nos desaceleram e nos impedem de aproveitar a jornada que terá acabado em breve."

Klaus Roger

Sobre o autor

Klaus Roger: Mora no Acre, logo não existe. Fã de novela mexicana e adora se definir na 3ª pessoa. (leia mais...)

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